Deixei-te aqui meus íntimos plangores...

Deixei-te aqui meus íntimos plangores,

Tristeza que me fazes padecer.

Ó cântico sombrio das minhas dores,

Talvez possa-lhes alguém compreender.

No leito frio dos meus dissabores,

Restou-me só no peito a fenecer;

Uma coroa apenas de murchas flores

Que a saudade deixastes de tecer.

No trôpego das folhas, solitário

Foste seguindo o préstito das horas,

Reza minha alma ao Santo do calvário.

Vendo surgir a luz na imensidade,

Ante a lembrança pulcra das auroras,

Eis que assim fiquei aqui na soledade.