A Camões
Camões, eu sei, no tempo teu, antigo,
Embora a forma fosse destacada,
Algum deslize nunca foi perigo
De ser a lavra inteira criticada.
A cacofônica 'alma minha', amigo,
Por séculos não foi sequer notada.
Da métrica, ninguém dizia nada,
Que o joio não ofusca o puro trigo!
Há séculos, tu és considerado,
De todos, pelo esplêndido legado,
Da lira lusitana o rei eterno.
No entanto, se tiveres pretensão
De conservar reinado e tradição,
Afasta-te do crítico hodierno.