INSÔNIA

Galo canta, macaco assovia,

E embora cante, galo ele não é,

Se macaqueia um galo, é bom saber

Da galinha se um mono ela quer...

Um caso em rimas, sem cabeça ou pé,

Maltrata muito a pobre poesia

E dá-se quando o poeta asfixia

A alma sofrida pelo bem-querer.

E à noite, conta galo, esquece a ovelha

Que salta de um galho e quebra a telha,

Caindo à cama cheia de pesar.

Na insônia macaqueia o pensamento

E tal galo assovia um sentimento

De sol sem ter um dia pra acordar.