Recamada por brumas passageiras...

Recamada por brumas passageiras,

Num silêncio de agruras e livores,

Tinhas na face roxas as olheiras,

Revelando-se ao brilho dos palores.

Imaculada rosa dos verdores,

Que brotaste nas horas derradeiras;

Ao vento frio, aqui, quando tu fores,

Serás lembrada alva como as freiras.

E como tu também sigo esperando,

A morte em teus braços embalando,

Ao cântico sombrio das velhas árias...

Meu corpo hirto pelo horto nevoento,

A carregar-lhe um dia, sonolento,

Pelas caladas ruas tumulárias.

ThiagoRodrigues
Enviado por ThiagoRodrigues em 01/07/2021
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