SAPATOS ÀS MARGENS DO DANÚBIO

O último passo dos que ficaram à margem...

À margem de todo sentimento humano

E seguiram adiante libertos na miragem

À um passo, libertos daquele mundo insano

Antes, os pés descalços na terra minada

Acorrentados passos, caminhadas incertas...

Ante a extrema opressão da furiosa manada

Adiante: correntes aquosas, almas libertas

Seguiram... Sem o aperto dos sapatos

Largados à margem: angústias, vazios...

Perpétua lembrança de abomináveis fatos

Monstros perversos de sentimentos escassos...

Por cada ser condenado a mergulhos tão frios,

Abrir-se-á um inferno aos teus últimos passos.

(s.v.a)