TARDE PORTUGUESA
O gosto pela língua portuguesa
Tomei de rapariga muito bela
Que se pondo ao umbral de sua janela
Enchia-me os sonhos de beleza.
Em tarde a se quebrar a fortaleza
Da timidez me dei a ter com ela,
E, ao jeito português, pôs-me a donzela
Bem à vontade em sua cama e mesa.
Anda-me cá, escave-me em tudo,
Da caixa de palavras de veludo
Tire as mais belas que a língua dá.
Disse-me ouvindo o amor meu pela língua,
E até que se quedasse o sol à míngua,
Comigo conjugou o verbo amar.