PÁ VIRADA

O que eu faço a muita gente espanta,

Por na vida fazer sempre o que quero,

Tudo é na lata, valsa num bolero

Minha alma que não tem nada de santa.

A sede de viver que sinto é tanta

Que se desejo algo não espero,

Pego, levo pra casa e não me altero

Se não comer no almoço, aguardo a janta.

Esse é meu jeito, não gostou, cai fora,

A roda anda, meu tempo é agora,

Fogo em pá virada, sim. me atiça.

Não me escondo nas sombras como agem

Os que à noite fazem sacanagem

E de manhã vão ao culto ou à missa.