BRINQUEDO ORDINÁRIO
Às vezes, eu nem sei se eu existo,
Se à dimensão dos outros é que ando,
Por isso à vida passo procurando
Algo que para mim não foi previsto.
Talvez, vindo do acaso, do imprevisto,
Dei-me à luz, perdido em um bando,
E assim, penso em ser, de quando em quando,
Um corpo preso à alma como um quisto.
Os outros me fizeram a metade
E da outra banda, digo em verdade,
Eu pouco fiz, e assim, em um rosário
De incerteza estou num espaço e tempo
Em que a vida a entreter-se em passatempo
Fez de mim um brinquedo ordinário.