SETENTA
Talvez não saiba mais como fazer,
Se passando o tempo tudo muda
E a vida torna-se um deus nos acuda,
Querendo o que já não sabe o que é.
Não resolve, chegando a envelhecer,
Nem chá, reza ou até banho de arruda,
Se quer, mas venha cá, não se iluda,
No fim o que é bom não vai colher.
Se conta um, dois, três... Vai-se a setenta
E na imaginação tudo se inventa,
Mas nada... E a força foi pra onde?
Talvez não saiba a cor, o cheiro e o jeito,
Mas, se eu descobrisse o par perfeito,
Ia ver o que quero e onde se esconde.