SONETO
“Fiz-te hoje um soneto”, lhe falei,
E ela ordenou-me docemente
“Recita”, e ficando bem à frente
De seu bonito rosto recitei.
“Quero beijar a tua boca ardente”,
Tocando suas mãos, eu inventei,
“Fosse eu um beija-flor...” Pare! Parei,
Sendo eu ao seu apelo obediente.
Pétalas rubras de uma rosa viva
Colaram-se a meus lábios e à deriva
O recital ficou pra outra hora.
E o resto do soneto, esquecido
Em fala, ganhou todo o sentido,
Quando jogamos nossas roupas fora.