ABRAÇO
Com roupa, se confunde com um laço
Fraterno dado a amigo ou parente
Que mesmo estando perto ou ausente,
Se quer como extensão do próprio braço.
Com roupa, as mãos, tocando o espinhaço,
Desapegam-se muito de repente,
Como se o enlace fosse algo indecente
E a quem visse causasse embaraço.
Sem roupa, já o abraço é verdadeiro,
Por que no laço age o corpo inteiro,
Sendo os membros as pontas de amarrar.
Nem sufocando, pede-se arrego,
E a morte pode vir, mas o nó cego,
Nenhum dos dois pretende desatar.