Prisão e liberdade
À noite, o rosto nas grades da janela
do colégio interno onde estudava,
perguntei ao padre que cidade era aquela,
toda escura, de onde nada se escutava.
Aos domingos, muita gente lá passeia
e outras, brancas, imóveis _ serão guardas?
Em novembro de flores fica cheia
e de velas as finas ruas enfeitadas.
_ Que cidade é esta, diz pra mim,
que me atrai com seus noturnos mistérios?
O padre me olha sério e diz por fim:
_ Ali moram reis e rainhas de finados impérios,
ricos, pobres, crianças, todos que dormem, enfim...
Aqueles muros brancos, filho, são os muros do cemitério.