Vítima de Medusa

Sou barro cru, projeto inacabado,

Sou barro vivo que auto se lapida;

Que busca a perfeição, mas foi traída

Pelo meu próprio orgulho ali criado.

Na busca do perfeito, adio a vida,

E esse projeto se torna o meu fardo.

O mistério do mundo todo eu guardo

Para quando eu estiver já concluída.

Mas o tempo transcorre e me consome,

O que faz aumentar a minha fome

Pelo perfeito e a singularidade.

Sou tal qual prisioneira de medusa:

Fui vítima de mim, a minha musa

Prendi no barro da minha vaidade.

Anne Negreiros
Enviado por Anne Negreiros em 08/09/2021
Reeditado em 08/09/2021
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