Soneto de Morte

O amor me disse assim: morreste agora!

Dali, rebobinei um filme antigo;

travei num forte abraço de um amigo;

senti cãibras num rosto de quem chora.

Rasguei verbos vencidos. Pus pra fora

o fel que (há tanto tempo!) vem comigo.

Deixei grama crescer, joio com trigo;

tremi num livre afã de quem namora.

Pensei poder rever rostos futuros,

consolos de um passado bem presente;

sementes de sorrisos imaturos.

Então, compreendi... nada é mais forte

que o amor de quem decide, descontente,

gritar pra quem quiser: quero essa Morte!