AO PÉ DA ORELHA
Cheiro saído de um pé de orelha,
Indo ao outro, raspando o cangote,
Descendo o V que marca o decote,
Do que vier depois é a centelha.
E dado, o coração vira caçote
Picado por ferrão de uma abelha,
Não para de pular do chão à telha,
Nem sendo ameaçado de chicote.
Cheira a quê? Se sabe disso e logo,
Pois no esfregado os corpos pegam fogo
Como paus de canela em fogareiro.
De um pé de orelha, o cheiro quando sai,
Raspando o cangote, aonde vai,
Não sabe quem recebe ou dá o cheiro.