Axia
Esta minha candura amarga e empedernida
sempre chora ao poder de um longo sofrimento,
pois quem sou eu, meu Deus, se não o detrimento
jamais esclarecido e vago desta vida?
Carrego na ilusão aquilo que o elemento
da existência ausente, e para sempre sofrida,
jurou! Mais dolorosa à vida decaída
é a vida de um ser em seu descontentamento,
porém sei que não sofro, e vivo por viver;
vivo a vida contente, onde o meu maior pranto
nem sempre traz consigo a dor que faz sofrer,
já que a dor nada mais é que um surto de espanto,
um surto agonizado e raro de conter,
não raro de esquecer numa vida de encanto!
5 de setembro de 2006.