ERRARE HUMANUM EST

(Interação ao poema Confissão de um literatoide,

do poeta Herculano Almeida)

ERRARE HUMANUM EST

Destes erros não seja possessivo,

O Português, de todos é algoz.

Vou confessar, só aqui entre nós,

Que errar, é sinal de que está vivo.

Eu, pra errar, só quero um motivo,

Vou soletrar até perder a voz.

Uma zoeira quando estou a sós,

Trocando verbo por adjetivo,

E os dois “esses” por um cê-cedilha.

Nos papéis borrados, fazendo pilha,

Ficam as ideias interrompidas.

O pai-dos-burros é quem sempre ajuda,

Com essa Reforma que tudo muda,

E deixa a poesia maltrapilha.

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Confissão de um literatoide

Estou desaprendendo o Português!

Cada dia que passa erro mais:

Troco as consoantes, as vogais ...

E, do dicionário, estou freguês.

Não sei se acontece com vocês!

Comigo, cada dia erro mais:

Descumpro as funções gramaticais,

Parece até um novo Português.

Não sei o que fazer, já não sei mais!

Parece que a idade dá sinais

De que eu desafino no coreto.

Encarecidamente eu lhes peço:

Perdoem este pobre réu confesso,

Por pôr um estrambote no soneto.

Jota Garcia
Enviado por Jota Garcia em 05/12/2021
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