TRANSPARENTE

Eu, na tela, derramo a minha arte,

sentimentos, imprimo no papel;

teço os traços do rosto, com pincel

e em letreiro formulo um estandarte.

Sob a régua o tapume se reparte,

ante o lápis se encena o meu painel...

Um sorriso, uma névoa ou um anel

dou-lhe forma no tema e no encarte.

À essência do belo eu me recurvo...

Não me importa se é límpido ou se é turvo...

O esmero do modo é quem dá sede

ao sensível, pra ver e assimilar

o fascínio do dia ou do luar...

Mas só caio o reboco da parede!