PORTA DOS FUNDOS

O céu andava chato pra dedéu.

A moda era asinha e auréola,

Hábito, e do corpo em madrepérola

A parte boa veio o gato e comeu.

Mas num cochilo que o Homi deu

Um anjo das ideias teve a pérola

E ainda hoje no céu e no mundo rola

O que a criatura concebeu.

Cabô o tal negócio de asinha

E do sovaco os pelos de quem tinha

Sumiram e o caô foi dos profundos.

Repartido o céu em frio e quente,

Quem quisesse viver feito ainda gente

Ganhasse a infernal porta dos fundos.