Soneto de revelação

 

Renegastes-me, ó insano amor, deveras

E a tudo o quanto acreditei amar um dia

Negastes-me tudo mais que ainda podia

Matando, em mim, as últimas quimeras

 

Deixastes-me só consciente destas feras

Que rasgam-me por dentro a carne fria

Zombastes da minha ingênua idolatria

Fingindo-se o bom amigo que não eras...

 

Chegastes como um anjo, doutras eras

Lançado, tal qual a cálida estrela luzidia

E abristes em meu peito estas crateras.

 

Ferindo-me com as palavras tão severas

Sabendo o quanto a chaga já me ardia...

Revelou-me as tuas faces mais austeras.

 

Adriribeiro/@adri.poesias

 

 

Adriribeiro
Enviado por Adriribeiro em 29/12/2021
Reeditado em 24/03/2022
Código do texto: T7417654
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