ICEBERG

Contou-me, ontem vi bloco de gelo

A flutuar no meio da calçada.

Pare de rir, não é isso piada,

Amanhã eu te levo para vê-lo.

Decerto, esquecera o degelo,

Mas em sua ilusão vinda do nada,

Talvez caísse, sim, numa gelada,

Fazer o quê, cedi a seu apelo.

Fumou, cheirou, sei lá o que ela fez,

Mas cedo me tomei de insensatez

E à rua fui olhar o iceberg.

O poeta é uma massa flutuante

E em sua dimensão fria e distante

Vi passar o poeta Gutemberg.