Levavas entre os dedos um rosário...

Levavas entre os dedos um rosário,

Distante a tua voz minha senhora,

Calou-se como o ermo campanário

Que não vibras mais os sinos de outrora.

Perdida entre as brumas do fadário,

Tu foste como a tarde que descora,

E eu via no teu vulto solitário

Os olhos que brilhavam como aurora.

E assim como num sonho tu surgias

Ao cântico das velhas melodias,

Que perdem-se nas horas derradeiras...

Como o luar sereno que me olhavas,

Etérea tua imagem contemplavas,

Vagando entre as brumas passageiras.

ThiagoRodrigues
Enviado por ThiagoRodrigues em 31/01/2022
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