Mente insana

Bebi da água da imortal nascente

e tal qual ela me tornei:

borbulhante, límpido, uma semente.

Da torrente do que fui mais nada sei.

Refiz a capa, reescrevi o livro todo

da vida. Passaram-se anos, séc`los talvez...

O que de mais sério havia foi engodo

desta mente que perdeu a sensatez.

Fiz-me deus sem querer. De aprendiz,

hoje tenho a verdade e sou a glória.

Quem crer em mim - deus! - será feliz.

"A mentira dos poetas a tudo contamina",

diz Borges em "O Imortal". Serei história?

Real ou fantástico, a mente é quem determina.