Canto sombrio

Escreve um canto, o bardo solitário,

somente a noite é sua testemunha.

O verso lúgubre que, em prantos, cunha

revela, passo a passo, o seu calvário.

Afortunado ser, do amor, supunha,

mas logo descobriu tudo contrário!

E entregue ao gesto quase involuntário,

em sua faina, a intensa dor rascunha.

Insone, passa toda a madrugada,

um riso amargo e sombras pelo rosto.

Da vida pouco espera ou quase nada...

Clareia o dia e, em brasa, o Sol desponta,

mas sobre a mesa o canto, enfim, composto,

é apenas mágoa e sombra, ponta a ponta.

Fernando Antônio Belino
Enviado por Fernando Antônio Belino em 03/04/2022
Reeditado em 09/03/2024
Código do texto: T7486923
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