Canto sombrio
Escreve um canto, o bardo solitário,
somente a noite é sua testemunha.
O verso lúgubre que, em prantos, cunha
revela, passo a passo, o seu calvário.
Afortunado ser, do amor, supunha,
mas logo descobriu tudo contrário!
E entregue ao gesto quase involuntário,
em sua faina, a intensa dor rascunha.
Insone, passa toda a madrugada,
um riso amargo e sombras pelo rosto.
Da vida pouco espera ou quase nada...
Clareia o dia e, em brasa, o Sol desponta,
mas sobre a mesa o canto, enfim, composto,
é apenas mágoa e sombra, ponta a ponta.