"A modéstia é a vaidade escondida atrás da porta." Mário Quintana
Falsa modéstia
É falsa a modéstia de quem cria,
Pois que a criação é tão vaidosa,
Que faz o beija-flor beijar a rosa
E voar, sem destino, em romaria.
Seja em verso livre, seja em prosa,
Ou seja no rigor de um soneto,
A modéstia frequenta o mesmo gueto,
Que frequenta a vaidade melindrosa.
É falsa a modéstia do poeta
Que, tortuosamente, em linha reta,
Escreve como fosse o deus do verso.
Digo, modestamente e sem vaidade,
Que hoje escrevo menos da metade
De quando eu criei o universo.
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Grato ao amigo JOTA, pelo privilégio da companhia.
A VAIDADE DO POETA
J GARCIA
Quanta verdade vi nesse soneto.
Impossível não nos envaidecermos,
No exato momento em que lemos
O nosso, até o último terceto.
Pouco importa o tema obsoleto,
Um que já cantamos, em outros termos,
Só precisa que toque os teus nervos,
Quando ouvires o dito no soneto.
O poeta não sabe d’onde vêm,
Se da terra, do céu ou do além,
Os versos que vaidoso julga seus.
Assim, por falta de outra conclusão,
Eu diria que toda inspiração,
É uma faísca da luz de Deus.