Este tempo breve

Expiação de Cronos não se dá sob clemência,

arrasta o tenro até a derradeira idade.

Esquecemos, inebriados na mocidade,

tinto é o vinho, o néctar da dormência.

O Eterno nos fez cair em sutil displicência

e rasgamos o véu da sazonalidade,

o momento foi nossa única verdade,

abraçamos todo esse caos e a contingência.

Mas Ele vem, sempre vem e não se demora.

Os entes do meu coração que vão embora,

lembram que as areias obedecem ao vento.

Como escravos, de novo só resta o agora,

pedras mastigadas e vomitadas fora,

prostradas ante o martelo do Deus do Tempo.