Se eu queria encharcar-me com teu vinho

Noites belas que eu falei em demasia,

a casca foi por um instante aberta,

perdi a minha certeza incerta,

e a cautela que comigo trazia.

Adentrei numa momentânea afasia,

fugiu de mim qualquer palavra certa,

quando vi, a rua estava deserta,

quando vi, a casa estava vazia.

Na noite, os rastros de tua despedida

lembram-me que agora volto sozinho

praguejando a causa de tua partida.

Encontro o desamparo do meu ninho

e não satisfaz-me qualquer bebida,

se eu queria encharcar-me com teu vinho.