Narciso

Viu Narciso sua imagem refletida

N'um lago tão límpido e quieto,

Era tão belo, tão doce e magneto...

Mais valia contemplar face querida.

Deu conta-se de si como completo,

Era o suficiente em sua vida.

A liberdade entregou, era indevida,

Queria escravo ser do autoprojeto.

Esse lago mentiu para Narciso!

Revelou, em torto ângulo impreciso,

Um Ego, de si mesmo, ressentido.

Falseou, em amor próprio, a insegurança;

Sua carência estendida de criança;

Seu egoísta coração dolorido.

Anne Negreiros
Enviado por Anne Negreiros em 16/05/2022
Reeditado em 16/05/2022
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