A jornada nem sempre é eletiva

O trem que atravessa na noite o deserto

compro o bilhete pra buscar miragens

imóvel e indo por entre as paisagens

O sol afaga-me enquanto eu desperto

A primeira vista o caminho é incerto

Por isso refugio-me nas paragens

Medeio os meus instintos mais selvagens

O que há de quebrado, eu mesmo conserto

Fumaça e calor ainda assim lento

Já não me importa se agora ou depois

A jornada nem sempre é eletiva

Apesar do calor ou do mal tempo

Sigo firme sobre esses trilhos pois

Sou a própria lenha da locomotiva