MONÓLOGO

De rude caminhada, amigo, venho,

ainda não te vejo, mas confesso:

aos passos necessários no regresso

não deixarei faltar vigor e empenho!

Enormes são as noites que atravesso,

irado o temporal que fere o cenho,

contudo, esperançoso me mantenho,

conhecedor das provas do processo.

Sorvendo as ilusões de riso largo,

deixei a tua voz cair nos braços

do tempo e lamentaste aí, sozinho.

Depois de me livrar do gosto amargo,

espero resgatar, no espelho, os traços

de um rosto abandonado no caminho.