NOSSA DANÇA

A boca, transformada em bailarina,

vencida por aquela intemperança,

explode em apetite, freme, avança

e às brutas emoções se subordina.

No fogo desta insânia repentina

aqueço todo afago que te alcança

e deixo acontecer a nossa dança,

conforme a sintonia determina.

O devaneio serve um doce prato

na mesa do banquete oferecido

aos corações carentes, a ferver.

A languidez se espalha no retrato

pintado nos lençóis e construído

na interminável noite de prazer.