MÁGOA

Há quem me julgue fútil e banal

E sem eu merecer, por tão-somente,

Pensar que eu, sendo igual a tanta gente

Sem juízo, a mim próprio faça mal.

Tudo o que fiz, em busca de um ideal,

Quem sabe, fiz um tanto ingenuamente,

De um modo errado ou diferente,

Mas quem faz sempre o certo, afinal?

Hoje, uma mágoa intensa me consome,

A pelo afeto que não sei dar nome,

O ideal de vida ter perdido.

Mas a dor que mais fere é, no entanto,

Saber que sou julgado, só por tanto

Ter amado e de amor enlouquecido.