SONETO SEM AUTOCRÍTICA

quando estou triste, rabisco algum poema

no branco do papel, letras caem feito

moscas, este é um vetusto estratagema

palavras pertubavam-me no leito

uma delas xinga e outra até blasfema

pelo mau gosto com que as aproveito

de modo descuidado, vil sistema

que vai findar comigo, insatisfeito

deixo toda autocrítica de lado

num ato de coragem ou covardia

torturo uma palavra, assaz calado

ninguém vai ler meu gesto de ousadia:

apenas outro verso machucado

que gesto atroz! contudo, me alivia...