Se se morre de amor ...

Se se morre de amor! – Não, não se morre,*

se for em plenitude respondido!

A um mar de mel e flor a vida corre,

no amor, que, assim, à vida traz sentido.

 

Mas pode, em si perdido um ser humano,

amar, em vão, sem nunca ser amado,

vivendo a vida em torpe desengano,

buscar a morte em fuga ao triste estado.

 

O amor, que noutro amor descobre um ninho,

a si evita a dor de agudo espinho,

livrando-se do horror de avessa sorte.

 

Enquanto o amor, que à escuridão se lança,

sem ter de luz sequer tênue esperança,

em vez de vida, há de encontrar a morte.

 

* Gonçalves Dias

Fernando Antônio Belino
Enviado por Fernando Antônio Belino em 28/06/2022
Reeditado em 21/07/2022
Código do texto: T7547967
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