Se se morre de amor ...
Se se morre de amor! – Não, não se morre,*
se for em plenitude respondido!
A um mar de mel e flor a vida corre,
no amor, que, assim, à vida traz sentido.
Mas pode, em si perdido um ser humano,
amar, em vão, sem nunca ser amado,
vivendo a vida em torpe desengano,
buscar a morte em fuga ao triste estado.
O amor, que noutro amor descobre um ninho,
a si evita a dor de agudo espinho,
livrando-se do horror de avessa sorte.
Enquanto o amor, que à escuridão se lança,
sem ter de luz sequer tênue esperança,
em vez de vida, há de encontrar a morte.
* Gonçalves Dias