À…

À… é o modo com que o poeta

Dedica à memória de alguém

Um poema de amor, e quer também

A identidade desse amor secreta.

É que a paixão que a alma inquieta

Não pode ser da conta de ninguém,

E talvez nem À…, a quem quer tanto bem,

Saiba que ela é sua predileta.

Pode ser que À… não tenha lido,

Ou se leu, os versos tenha repelido

E a carta-poema posto fora.

Mas o poeta só vê À… fitando

E de olhos alagados murmurando,

Por que não vens falar de amor, agora?