O Pai Nosso da miséria
Pai Nosso, que estás aqui na terra,
Santificado seja o vosso nome,
Pra dar o de-comer a quem tem fome,
E enterrar os mortos pela guerra.
O pão vosso, que sobra a quem não come,
Não nos falte à mesa dia a dia.
Perdoai quem perfuma a poesia
Com o gás que expande o abdome.
Que venha a nós, ó pai, em carne e osso,
Inda que seja carne de pescoço,
Pra desatar os nós da criação...
E seja feita, enfim, vossa vontade
De saciar a fome que invade
Os muitos que imploram vosso pão.