Receita

Receita de um soneto parnasiano,

alguém que a tenha traga, por favor!

Estou aqui perdido, em meu lavor,

trabalho que até julgo desumano.

Por certo foi fatal meu ledo engano:

Querer ser um Bilac, em esplendor!

E agora, vejo, cheio de pavor,

por água abaixo vai meu belo plano.

De ebúrneas catedrais, cantando o brilho,

eu forjo, soldo e lépido esmerilho,

mas faço um verso anêmico demais!

Tristonho, nesta lavra, em que me meto,

descubro, em desespero, que o soneto

é joia reservada aos Imortais!

Fernando Antônio Belino
Enviado por Fernando Antônio Belino em 06/08/2022
Código do texto: T7576601
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.