Soneto gramaticida
Palavra por palavra faz-se a frase,
Que há de se compor em oração.
E ainda que o sujeito diga não,
O Sempre sempre vai atrás do Quase.
O Quase quase sempre vive em vão,
Por não subir o último degrau.
Assim, um lobo bom é quase mau,
E Eva é quase filha de Adão.
Assim o verbo fala pro sujeito,
Ainda no pretérito imperfeito,
Que está no futuro do presente.
E mesmo ao falar na voz passiva,
Consegue, algum tempo, manter viva
A crase, como um A inexistente.