Restos (mortais) a pagar
A morte, quando fala, balbucia
Seu cansado e sinistro estribilho,
Enquanto põe o dedo no gatilho
Pra devolver, a Deus, a sua cria.
A morte veste a velha fantasia:
Uma sombra sem rosto sob um manto,
Uma foice amolada pelo pranto
De quem foi sem saber se voltaria.
Sócia majoritária da saudade,
A morte reduziu, pela metade,
O preço do adeus na despetida.
Passado algum tempo, todavia,
Cobra juros de mora, quem diria,
Sobre a taxa de uso da "jazida".