Consciência da morte
E eis que simplesmente ela veio
com seu sorriso sonso de megera,
sem perguntar ao menos quem eu era,
e veio sem atalho e sem rodeio.
E devassou o colo, e deu-me o seio,
e ofereceu-me a boca escancarada,
e me tocou, sem pejo, a mão gelada,
e me fez renegar tudo o que creio.
E eis, que num instante de fraqueza,
meu coração (antiga fortaleza)
parou como num passe de magia.
E minha alma então, num passo torto,
fugiu. E descobri que estava morto,
quando não mais senti a poesia.