O Pântano
Por sob as águas turvas desse lago
Há milhões de segredos escondidos.
Os sons, que nunca chegam aos ouvidos,
São as vozes tardíloquoas do gago.
O Pântano emite os seus gemidos,
Como quem chora um pranto ou um Fado;
Ou quem pede perdão, dum só pecado,
Por mais de mil pecados cometidos.
Mas há na superfície d'água turva,
No ponto onde o mistério faz a curva,
Um burbulhar de gases pantanais.
Os gases que evaporam noite e dia,
Que a natureza há muito já sabia,
E o mundo, a cada dia, sabe mais.