A um porco morto (Menção ao Soneto "A um Carneiro Morto"de Augusto dos Anjos)
Solidariosíssimo suino
Que se dá, em toucinho, ao ser humano.
Quisera Deus que fosse eu vegano,
Pra rejeitar te dar meu intestino
Como se fosse o túnel do destino
Pra tua carne, assada ou cozida,
Se despedir da lama desta vida,
De modo tão vulgar e bizantino.
Bendito sejas tu e teu alfeire,
Ainda que, em vida, ele cheire
O cheiro do esterco acumulado.
Se não te pude amar quando comia,
Faço menção honrosa, em poesia,
Para pedir perdão por meu pecado.