Um ser inerte

Andei muito, mas, porém, andei parado,

Estatismo de uma vida que não move.

Todavia, a inércia me comove,

Eu sou eu, um ser inerte exacerbado.

Sendo assim, fiz o meu mundo inacabado,

Esta ociosidade me desprove.

Ressupino, mesmo assim, fico cansado,

Se eu tenho só dez vidas; perdi nove.

Girei mundo e vi-me inerte no meu canto,

Sonho eu, em ser um ser mais semovente.

Sinto muito dissabor, inútil pranto,

Hoje sou planta nativa sem semente.

Sem afetos, sem afagos, sem encanto,

Vivo eu, na quietude, tão somente.

Valério Márcio
Enviado por Valério Márcio em 05/09/2022
Código do texto: T7598762
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