ORIUNDA

ORIUNDA

Não tanto os olhos, antes os olhares

Contam de sua história e sua origem.

Eram fundas miradas de vertigem,

Enviesadas a mim como a meus pares.

Contavam d’outras épocas, lugares

E mesmo dos costumes que ‘inda afligem

Mulheres que cobertas de fuligem

S’escondem atrás de homens e de altares.

Baixa a sua cabeça, todavia,

Quando sustento o olhar para encará-la

No afã de surpreender-lhe a fantasia.

Enigmaticamente, nada fala

E se retira certa de que, enfim,

Eu d’ela menos sei que ela de mim!

Betim - 05 09 2022