O mais feroz dos animais domésticos é o relógio de parede: conheço um que já devorou três gerações da minha família. Mario Quintana
O relógio
E o ponteiro segue o tique-taque,
Enquanto dá hora dia a dia.
E o relógio vara a noite fria,
Às vezes com sotaque: tic-tac...
E vai, a cada hora e vão minuto,
E a cada tique-taque sentencia
O mundo, à sua vã filosofia
Que eu finjo que ouço e não escuto.
E mata o tempo, a fome, mata a sede...
E fica pendurado na parede,
De olho no futuro e no passado.
E assim, de geração em geração,
Insiste em responder que horas são,
Mesmo que ninguém tenha perguntado.