CORRENTEZAS

Sondar o coração do ser humano

é mergulhar nas águas colossais

que dele fazem lídimo oceano,

sujeito a imprevisíveis temporais.

Ao sentimento não se entrega um plano

e, embora a calmaria dê sinais,

as emoções, no seu furor cigano,

desprezam o sorriso dos fanais.

Assim se vive e, destas incertezas,

trazidas pelas tantas correntezas,

o desconsolo, às vezes, é servido.

Na vida, não se encontra alguém imune

ao sopro do pesar que, quando zune,

eleva o tom de um grito reprimido.