Soneto Abstrato
Quando a realidade me sufoca,
Eu procuro na loucura o meu alívio,
E na contradição desse convívio,
Uma melodia trágica me evoca.
E quando a morte já tem quase me vencido,
Uma leve inspiração vem e me toca,
Já não me importo se isso tudo me provoca,
Então me entrego, triste, nu, desfalecido.
Agora a morte já me abraça calmamente,
E nos seus braços cantarei alegremente,
E de ternura ficarei entorpecido.
A realidade se extingue lentamente,
E o meu corpo presencia novamente,
Este prazer que jamais tinha sentido.