JURAS EM VÃO
O desalento rasga, sanguinário,
meu coração entregue ao abandono
e, quando chega a noite, desmorono
perante as reticências de um diário.
Nas grades do delírio me aprisiono,
sem resistir às vozes do emissário
das ilusões que erigem um calvário
sobre os lençóis e, inerme, perco o sono.
Depois de todo o afeto, a fantasia
perdeu fulgor, ferida pela sorte
das juras que bradei com tanto empenho.
O que escrevemos juntos, todavia,
incita o devaneio e nega a morte
do brilho deste amor que ainda tenho.