DOGMA

Uma parte de mim é anedotário,

Outra, um romanceiro de amor,

E as duas juntas formam o que sou,

Talvez, um louco ou um visionário.

Sofro, bem sei, além do necessário,

Como alguém que sente imensa dor

E disfarça fingindo que o ardor

Sentido encontra no outro estuário.

Numa parte, a própria vida aqueço

Na esperança, acreditando que mereço

Um dia ser feliz, qual toda gente.

Na outra, eu aceito o destino

De amar o amor como um dogma divino,

Sem saber no que crer, precisamente.