A uma amiga ausente

Talvez não mais habitemos o mesmo plano…

O Tempo, a velha serpente que se devora,

Segue fazendo o que sabe – e agora

Penso que até já deixaste o mundo humano.

O Tempo, este bravio, profundo oceano,

Erodiu tua imagem, levando-te embora

Das galerias de meu pensar – e agora

Desaprendo tuas feições a cada ano.

Hoje não tens mais voz, nem forma, ou corpo, ou ser –

Mas segues, espectral, etérea, a resistir,

A lembrar-me de nunca, ao fim, te esquecer –

Saudosa abstração! Perduras a existir

Desprovida de voz, de forma, corpo e ser,

Amorosa, amada lembrança a persistir…

Galaktion Eshmakishvili
Enviado por Galaktion Eshmakishvili em 13/01/2023
Código do texto: T7694240
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